quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Nostalgia.

Hoje ao encontrar-me de novo contigo, senti uma pequena necessidade de voltar ao Passado. De voltar aos tempos em que não eras uma escola. Aos tempos em que eras um jardim, uma esplanada, um campo de futebol, um salão de danças, uma biblioteca não tão grande mas acolhedora, aos tempos em que eras uma máquina de bebidas quentes que me aqueciam no Inverno, em que eras um Polivalente enorme e acolhias todos aqueles que não queriam sentir a chuva. Aos tempos em que a Rampa era um local de confraternização e não de entrada e saída de viaturas, em que o pavilhão 5 servia de esconderijo, onde mais um de tantos casais se beijava intensamente sem ser perseguido por olhares constrangedores, tempos em que eras as paredes por detrás do Pavilhão de Educação Física onde te escrevíamos as maiores barbaridades sobre o amor, e as mais foleiras letras de música que faziam parte do momento que estávamos a viver. Tempos em que eras um banco de jardim que me suportava, ao mesmo tempo que levava com a brisa na cara, em que qualquer pedaço de chão era suficiente para serem feitos jogos de futebol. Tempos em que eras uma guitarra e um piano confortando-me com a tua música, com os teus acordes. Tempos em que eras uma sala de inglês ilustrada com o grande Big Ben ou uma sala de Português onde me perdia a olhar-te com o grande poema de Fernando Pessoa que tinhas no tecto. Tempos em que eras uma velha escada chamada Caracol, onde muitas vezes me perdi olhando o céu. Lembro-me do primeiro dia em que nos cruzámos. Não sabia exactamente se te queria na minha vida. Mas aos poucos.. Deste-me o que sou hoje. Deste-me a experiência, as pessoas fantásticas que fazem parte da minha vida, deste-me o meu primeiro beijo, a minha grande paixão, a maturidade. Mergulhei em ti como quem mergulha num mar de coisas por descobrir, de experiências por viver, de afectos, de cumplicidade. Mas aos poucos, morreste. Saiste da minha e das nossas vidas e levaste tudo contigo sem deixar nada para trás. Já não há árvores onde nos possamos sentar á sombra numa tarde de Primavera, já não és a máquina de café nem tão pouco o Polivalente enorme que continha as mais diversas coisas para apreciar. Obras de Picasso são agora meras paredes cinzentas, que mais parecem os dias tristes de Inverno. Já não me dás música com a mesma intensidade que davas. O Caracol? Esse não sei o que foi feito dele, apenas sei que morreu contigo. Salas são agora todas iguais. Não há cá Fernando Pessoa nem o mundo encantado de Londres e Paris. Só paredes brancas, paredes vazias. Morreste porque te mataram! E hoje, uma onde de nostalgia percorre todo o meu corpo. Dei por mim com saudades tuas.. Podiam ter-te mudado o nome, já não és a mesma. Já não és a Padre Alberto Neto. Neste momento, sinto que nem a tua essência restou. Na verdade, não restou absolutamente nada. Estás morta..



Daniela Teixeira

sábado, 10 de setembro de 2011

9.09.11




"Quem nunca sonhou com a possibilidade de regressar ao momento decisivo que tornaria a felicidade possível?"

Basta reflectirmos um pouco para facilmente sermos capazes de constatar que apenas um gesto, uma acção, uma palavra, pode alterar o decurso de toda a nossa vida. O facto de olharmos para a esquerda, em vez de olharmos para a direita pode ser a distinção entre uma porta aberta para a infelicidade ao invés da felicidade. Os passos, esses devem de facto, ser dados. Contudo, devem ser dados com cuidado. Que tipo de ideologias e filosofias de vida que seguimos, seríamos capazes de abandonar, se nos fosse concedida a hipótese de voltar ao Passado e alterar fosse o que fosse? Será que o faríamos? Ou será que continuaríamos o nosso trajecto de forma a cumprir o nosso destino? Estas foram algumas das muitas conclusões e perguntas que fiz a mim própria depois de ter lido uma obra absolutamente fantástica. Extremamente bem estruturada e pensada. Na minha opinião, nada falhou – o que é absolutamente estranho, porque acabamos sempre por achar que algo não bate certo, ou que poderia ter sido pensado de melhor maneira -, todo o pormenor é trabalhado do inicio ao fim sem ser esquecido, sem nunca nos deixar com determinada dúvida do género : «Então mas e aquilo? O que se passou afinal?». Ainda com toda esta capacidade de reflexão que a obra permite, somos acompanhados ao longo da leitura por todos os acontecimentos históricos desde 1976 a 2006, assim como das grandes revelações que existiram no ramo musical. A obra intitula-se :Estarás aí? de Guillaume Musso. Devorei este livro em apenas dois dias, deixando completamente de lado obras como Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco, Eurico, O Presbítero de Alexandre Herculano, ou até mesmo Um Auto De Gil Vicente de Almeida Garrett. Tirei férias de toda esta Literatura Portuguesa que tem dado cabo de mim desde o inicio do ano de 2011. Guillaume Musso, é um jovem escritor Francês que na minha opinião ainda consegue ter mais e mais para dar. Aconselho todos os fãs de The Effect Butterfly a lerem a sinopse desta obra.


Daniela Teixeira

"Já todos nos confrontámos com a questão pelo menos uma vez: se nos fosse concedida a oportunidade de voltarmos atrás, o que alteraríamos na nossa vida? Se o pudessemos fazer, que erros tentaríamos corrigir? Que dor, que remorsos, que receios escolheríamos apagar? Ousaríamos verdadeiramente conferir um novo sentido á nossa existência? Mas para nos tornarmos o quê? Para irmos onde? E com quem?" - Guillaume Musso.