sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

3.12.2011

« (...) O amor é realmente cego. Não te digo que vai ficar tudo bem porque tão cedo isso não vai acontecer. Falo por mim, que em relação a este assunto ainda vou a meio da reabilitação e o processo é longo e doloroso. É uma batalha diária e é preciso muita força de vontade, tem de partir tudo de ti, não tens mais ninguém. Neste momento a tua ferida ainda está aberta. No meu caso, começa agora a cicatrizar. Mas a marca fica para sempre. Sabes, eu acredito no amor, vivo de sonhos. Mas também sou muito realista e sei que o amor não é uma prenda que todos vamos acabar por receber. Tenho medo que caso me seja concedida essa sorte, de amar alguém que me ama da mesma forma, eu esteja tão gravemente danificada que não o saiba aproveitar.»
Joana Larsen

Acho que tens um dom. Um verdadeiro dom.. E obrigado por conseguires perceber-me sem ser necessário abrir a boca. Vejo-me sempre ao espelho nas tuas palavras.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Turning tables.

É inexplicável a sede que tenho da estabilidade. Do que é dado como garantido, como certo. Continuo a afogar-me em mares de esperanças e probabilidades que no fim de contas me destroem. Num pequeno canto do meu coração criei um mundo igualmente pequeno de expectativas que outrora se encontravam perdidas. Expectativas de um jogo que julgava não ser mais capaz de jogar. No mais ínfimo de mim consegui encontrar ainda forças para fortalecer o que tiver de ser fortalecido, para atear o fogo que for necessário. Poderia desistir deste jogo ridículo que há muito que dou como perdido. Mas não sou capaz! Volto sempre ao início. Mas estou igualmente farta. Farta de todas estas inconstâncias e incertezas. De todas estas coisas que não dou como certas mas que, no entanto, dou como possíveis. Mas até as possibilidades me destróis. Na mesma hora em que crias um mundo imaginário, acordas. Ao mesmo tempo que tomas uma decisão, desistes dela. No mesmo momento em que tentas construir um mundo de aconchego e tranquilidade, passas por cima dele. Enquanto te perdes no meio das tuas indecisões, eu encontro-me em meras palavras. Não vou pedir simplesmente que me abandones. Isso seria o que tu sempre quiseste ouvir. E esquece o tempo, ele não cura nada. Eu continuo e continuarei sempre aqui. Não foi onde sempre estive? Não sei pelo que espero. Acho que definitivamente nunca soube. Mas há algo me pede para permanecer onde estou. E vou fazê-lo.. Desculpa se era tudo o que não querias ouvir. Apenas estou farta de Inconstâncias.





Daniela Teixeira*







domingo, 16 de outubro de 2011

14# LETTER TO SOMEONE YOU'VE DRIFTED AWAY FROM

Se alguma vez existiu algo que nos pudesse ter unido de alguma maneira, hoje não existe. Não existe porque julgo que isso tenha sido mais uma necessidade nossa do que uma ligação natural, por assim dizer. Eu precisava de alguém na minha vida, alguém que me desse aquilo que eu nunca tinha tido, e tu precisavas de alguém a quem dar todas essas coisas. Naquele momento, precisámos mutuamente um do outro. Era boa a cumplicidade existente, era bom ouvir a tua voz todas as noites. Era bom sentir que olhavas para mim e vias mais do que aquilo que estava ao teu alcançe. Vias além do que estava em mim. Mas isso não basta. Não basta que haja uma necessidade comum entre duas pessoas para que estas se envolvam. São necessárias uma série de coisas sem explicação que acho que tu ainda não compreendeste e que dificilmente vais compreender. Não julgues que o tempo apaga todas as barbaridades que disseste. Não julgues que o tempo apaga todas as tuas tentativas ridiculas de me tentares fazer ciúmes, dos atritos que me arranjaste com quem julguei que isso jamais aconteceria. Na verdade, eu fui deixando andar.. Ía fazendo como tu. Deixava que o tempo passasse e fazia-me de esquecida só para não ter de me chatear. Mas isso fez com que se criasse um ciclo vicioso á nossa volta. Um ciclo que te fazia agir cada vez mais, de forma pior. Percebi que em ti não tinha descoberto a minha cura, mas sim uma forma de me afundar ainda mais. A culpa talvez tenha sido minha por alguma vez ter permitido que entrasses um pouquinho que fosse na minha vida. Nunca aceitaste a hipótese das coisas irem com calma. Nunca aceitaste esperar e ver no que as coisas davam. Querias de mim tudo aquilo que eu não te podia dar. Até que te revelaste. Da pior maneira.. E eu não vivo de pressões nem de ameaças. Acho que nem tu sabes bem o que queres. E eu gosto de pessoas determinadas, que saibam o que querem. Só te peço desculpa por uma coisa, que de certa forma provocou tudo isto. Nunca deveria ter deixado que te envolvesses tanto sabendo que eu estava presa a uma pessoa sem te poder dar o que realmente querias. Estes meses de afasto foram bons, para ambos. Não esqueço nada, nem o bom nem o mau que houve entre nós.

Daniela Teixeira

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Nostalgia.

Hoje ao encontrar-me de novo contigo, senti uma pequena necessidade de voltar ao Passado. De voltar aos tempos em que não eras uma escola. Aos tempos em que eras um jardim, uma esplanada, um campo de futebol, um salão de danças, uma biblioteca não tão grande mas acolhedora, aos tempos em que eras uma máquina de bebidas quentes que me aqueciam no Inverno, em que eras um Polivalente enorme e acolhias todos aqueles que não queriam sentir a chuva. Aos tempos em que a Rampa era um local de confraternização e não de entrada e saída de viaturas, em que o pavilhão 5 servia de esconderijo, onde mais um de tantos casais se beijava intensamente sem ser perseguido por olhares constrangedores, tempos em que eras as paredes por detrás do Pavilhão de Educação Física onde te escrevíamos as maiores barbaridades sobre o amor, e as mais foleiras letras de música que faziam parte do momento que estávamos a viver. Tempos em que eras um banco de jardim que me suportava, ao mesmo tempo que levava com a brisa na cara, em que qualquer pedaço de chão era suficiente para serem feitos jogos de futebol. Tempos em que eras uma guitarra e um piano confortando-me com a tua música, com os teus acordes. Tempos em que eras uma sala de inglês ilustrada com o grande Big Ben ou uma sala de Português onde me perdia a olhar-te com o grande poema de Fernando Pessoa que tinhas no tecto. Tempos em que eras uma velha escada chamada Caracol, onde muitas vezes me perdi olhando o céu. Lembro-me do primeiro dia em que nos cruzámos. Não sabia exactamente se te queria na minha vida. Mas aos poucos.. Deste-me o que sou hoje. Deste-me a experiência, as pessoas fantásticas que fazem parte da minha vida, deste-me o meu primeiro beijo, a minha grande paixão, a maturidade. Mergulhei em ti como quem mergulha num mar de coisas por descobrir, de experiências por viver, de afectos, de cumplicidade. Mas aos poucos, morreste. Saiste da minha e das nossas vidas e levaste tudo contigo sem deixar nada para trás. Já não há árvores onde nos possamos sentar á sombra numa tarde de Primavera, já não és a máquina de café nem tão pouco o Polivalente enorme que continha as mais diversas coisas para apreciar. Obras de Picasso são agora meras paredes cinzentas, que mais parecem os dias tristes de Inverno. Já não me dás música com a mesma intensidade que davas. O Caracol? Esse não sei o que foi feito dele, apenas sei que morreu contigo. Salas são agora todas iguais. Não há cá Fernando Pessoa nem o mundo encantado de Londres e Paris. Só paredes brancas, paredes vazias. Morreste porque te mataram! E hoje, uma onde de nostalgia percorre todo o meu corpo. Dei por mim com saudades tuas.. Podiam ter-te mudado o nome, já não és a mesma. Já não és a Padre Alberto Neto. Neste momento, sinto que nem a tua essência restou. Na verdade, não restou absolutamente nada. Estás morta..



Daniela Teixeira

sábado, 10 de setembro de 2011

9.09.11




"Quem nunca sonhou com a possibilidade de regressar ao momento decisivo que tornaria a felicidade possível?"

Basta reflectirmos um pouco para facilmente sermos capazes de constatar que apenas um gesto, uma acção, uma palavra, pode alterar o decurso de toda a nossa vida. O facto de olharmos para a esquerda, em vez de olharmos para a direita pode ser a distinção entre uma porta aberta para a infelicidade ao invés da felicidade. Os passos, esses devem de facto, ser dados. Contudo, devem ser dados com cuidado. Que tipo de ideologias e filosofias de vida que seguimos, seríamos capazes de abandonar, se nos fosse concedida a hipótese de voltar ao Passado e alterar fosse o que fosse? Será que o faríamos? Ou será que continuaríamos o nosso trajecto de forma a cumprir o nosso destino? Estas foram algumas das muitas conclusões e perguntas que fiz a mim própria depois de ter lido uma obra absolutamente fantástica. Extremamente bem estruturada e pensada. Na minha opinião, nada falhou – o que é absolutamente estranho, porque acabamos sempre por achar que algo não bate certo, ou que poderia ter sido pensado de melhor maneira -, todo o pormenor é trabalhado do inicio ao fim sem ser esquecido, sem nunca nos deixar com determinada dúvida do género : «Então mas e aquilo? O que se passou afinal?». Ainda com toda esta capacidade de reflexão que a obra permite, somos acompanhados ao longo da leitura por todos os acontecimentos históricos desde 1976 a 2006, assim como das grandes revelações que existiram no ramo musical. A obra intitula-se :Estarás aí? de Guillaume Musso. Devorei este livro em apenas dois dias, deixando completamente de lado obras como Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco, Eurico, O Presbítero de Alexandre Herculano, ou até mesmo Um Auto De Gil Vicente de Almeida Garrett. Tirei férias de toda esta Literatura Portuguesa que tem dado cabo de mim desde o inicio do ano de 2011. Guillaume Musso, é um jovem escritor Francês que na minha opinião ainda consegue ter mais e mais para dar. Aconselho todos os fãs de The Effect Butterfly a lerem a sinopse desta obra.


Daniela Teixeira

"Já todos nos confrontámos com a questão pelo menos uma vez: se nos fosse concedida a oportunidade de voltarmos atrás, o que alteraríamos na nossa vida? Se o pudessemos fazer, que erros tentaríamos corrigir? Que dor, que remorsos, que receios escolheríamos apagar? Ousaríamos verdadeiramente conferir um novo sentido á nossa existência? Mas para nos tornarmos o quê? Para irmos onde? E com quem?" - Guillaume Musso.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

30.08.11

Voltaram aqueles dias, sabes? Aqueles dias sufocantes que te trazem até mim e me deixam quase sem ar.. Aquela sensação horrorosa de não te ter aqui comigo, que vem com aquele fervoroso desejo de saltar para cima de ti e abraçar-te. Aquelas coisas que acontecem somente nos meus sonhos e me fazem sorrir quando acordo, e que curiosamente, acontecem também á noite cada vez que me vou deitar. Olho seja para o que for e penso: são sonhos que me dão vida. Vida.. Vida essa que me prega sempre destas partidas e me coloca sempre nas situações que não têm qualquer volta a dar. Situações essas que não dependem de mim nem do meu esforço. Mas, um dia sou eu quem lhe troca as voltas. Por agora, vai continuar a trazer-me dias assim.. Dias, lembranças e recordações que vêm juntamente com cada gota de chuva que cai esta noite. Eu? Eu apenas resisto a todo este desejo imenso de te ter aqui comigo.


Daniela Teixeira

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

(Auto) - Retrato

Meus olhos castanhos encontram-se afundados num mundo de revolta exterior. Minha boca traça um coração que à medida que o tempo passa vai deixando palavras escritas em vez de palavras ditas. Pequena fui, pequena sou, pequena serei. Felizmente as pessoas não de medem aos palmos, pois tudo aquilo que sou precisaria de mãos infinitas para me poderem medir. O meu mundo é constituído por tudo aquilo que vejo e sinto. Bastante céptica em relação á igreja devido aos obstáculos da vida, creio no amor como quem crê em Deus. Um dia sol, um dia chuva. Vagueio por um mundo tão perdido quanto eu. Um mundo que embora por vezes se encontre, a maioria das vezes se perde. Creio também que existem anjos sem asas capazes de mudar mundos e fundos, tenho por isso pessoas tatuadas em mim. Erros, para mim, são como críticas construtivas que me ajudam numa grande caminhada chamada Vida. Vivo por mim, por ti, por ela, por nós, por vocês e por eles. Mas vivo.. independentemente do coração partido que tenho. Se pudesse, vivia dum papel e de uma caneta.


Daniela Teixeira


Realizado para um Desafio de Português de 10º ano.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Todo o tempo do mundo.






Podes vir a qualquer hora
Cá estarei para te ouvir
O que tenho para fazer
Posso fazer a seguir

Podes vir quando quiseres
Já fui onde tinha de ir
Resolvi os compromissos
agora só te quero ouvir

Podes-me interromper
e contar a tua história
Do dia que aconteceu
A tua pequena glória
O teu pequeno troféu

Todo o tempo do mundo
para ti tenho todo o tempo do mundo

Houve um tempo em que julguei
Que o valor do que fazia
Era tal que se eu parasse
o mundo à volta ruía

E tu vinhas e falavas
falavas e eu não ouvia
E depois já nem falavas
E eu já mal te conhecia

Agora em tudo o que faço
O tempo é tão relativo
Podes vir por um abraço
Podes vir sem ter motivo
Tens em mim o teu espaço

E por hoje, é tudo..

Ps- Parabéns Aires*

segunda-feira, 4 de julho de 2011

13# LETTER TO SOMEONE YOU WISH COULD FORGIVE YOU

Depois de tanto tempo sem escrever sinto-me como se estivesse fechada numa caixa sem conseguir respirar. Uma daquelas caixas bem apertadas que te sufocam e não te deixam sair e absorver aquilo que está á tua volta. Percebes então que só há uma forma de te poderes libertar. Lutando! As palavras são exactamente assim. Muitas das vezes ficam presas numa pequena caixa chamada Coração. Uma caixa apertada que não deixa que as palavras se libertem e saiam a seu belo prazer. É aí que percebes que as palavras têm a sua força, a sua vontade, e que sobretudo são livres por natureza. O coração explode e elas acabam por sair do teu pensamento e formam as mais belas frases escritas. Começas a perceber também que essa caixa é apenas um obstáculo, e que só existem duas escolhas: A permanência e o sufoco, ou a libertação. Caso optes pela libertação através da luta constante que travas, terás um texto. Caso optes pela permanência, ficarás eternamente á espera que te abram a caixa e morrerás por dentro. Na minha vida, gosto de ser eu a decidir o que quero fazer, assim como gosto que as palavras se libertem do meu coração quando estiverem prontas. A escrita é uma arte que nem sempre está ao nosso alcance. A escrita é uma luz que nem sempre está acesa. A escrita é também um misto de sentimentos existente dentro de ti. Não tentes ir ao encontro das palavras. Deixa antes que elas te procurem quando a sua pequena caixa rebentar. Assim como tu vais ao encontro daquilo que queres e te faz falta - ainda que muitas das vezes sem sucesso e em vão – quando te sentes pronto. Percebi que é difícil quando nos estabelecem temas.. As cartas que comecei por escrever á um ano atrás, tornam-se hoje praticamente impossíveis. Não por incapacidade, mas sim por existirem certas e determinadas coisas que remoem cá dentro. Coisas sobre as quais já não consigo falar, pelo menos não hoje. Estabeleci o meu limite. A minha tentativa de iniciar a 13º carta, hoje falhou. Quando tudo aquilo que queria era que me perdoasses por todos os meus erros e fracassos. Por todas as vezes em que olhei só para mim e me esqueci de que partilhavas a mesma dor comigo. Desculpa por nem sequer te conseguir pedir desculpa. Mas se há coisas eternas, tu és uma delas. E por mais anos que passem, por mais tempo que esteja ausente da tua vida, tu não sais nem nunca sairás tanto da minha memória como do meu lado esquerdo do peito.




Daniela Teixeira *

terça-feira, 3 de maio de 2011

The key.

«Mantêm sempre a auto-estima independentemente dos aplausos; pois as estrelas brilham na escuridão.»

X: Já alguma vez sentiste que não vales nada, que ninguém te dá valor?

Y: Já. Na verdade, já senti isso muitas vezes. Isso leva-nos ao desespero. Mas recentemente percebi que isso só nos afecta porque os pensamentos negativos nos consomem e nós por sua vez deixamos, porque não somos capazes de meter um stop e agir de forma ética. É claro que somos capazes, mas ninguém luta para que não seja consumido. A vontade de agir dessa forma, perde-se. Ultimamente tenho lutado muito para que as coisas más não me consumam. Tenho feito de tudo para colocá-las de lado, para pensar nas coisas que tenho como garantidas, que por acaso são muito poucas. Tenho pensado que se eu luto, isso já é um ponto de partida para valer mais do que qualquer pessoa. Nunca nos podemos dar por vencidos após nos mandarem abaixo. Temos de nos voltar a levantar e continuar a lutar até vencer. Até que os outros não nos afectem e não provoquem em nós mau-estar. Aí sim estaremos seguros de nós próprios. E hoje, eu estou segura de mim.

X: Tens razão, óbvio..

Y: Estás a agir como os piratas portugueses falados na obra Peregrinação em Literatura. É certo que rezam a Deus, mas depois não agem de acordo com os princípios da religião católica. O que eles dizem não está em conformidade com aquilo que eles fazem. O mesmo se passa contigo. Estás a dar-me razão em tudo, porque sabes que não estou a dizer-te nada que já não saibas. No entanto, estás a ser consumida pelo medo e não estás a agir de acordo com o que dizes. Está na altura de pegares naquilo que eu digo e que tu sabes, e passares a agir dessa forma. Se achas que de facto tenho razão e que não podes deixar-te consumir por aqueles que te mandam abaixo, então prova-lhes com tudo aquilo que tens, aquilo que tu vales. Mantendo sempre a postura e nunca jogando sujo.

X: Oh. Eu sinto que só desiludo as pessoas, que ninguém tem orgulho no que sou e no que faço, entendes ?

Y: Acima de tudo, tu é que tens de ter orgulho em ti própria. Mas se a uma dada altura te começas a aperceber que a tua atitude/atitudes provocam sofrimento a outrém, e por conseguinte isso te trás sofrimento a ti também, então é bom que tomes a atitude de mudar. É uma tarefa que tanto pode levar dias como pode levar anos. Mas mais vale tarde do que nunca, e nós estamos numa fase de evolução mental. O que aprendes hoje, contribui para o que irás saber amanhã. Mas existe uma coisa muito importante. Só devemos tomar a atitude de mudar quando somos nós próprios a não nos sentirmos bem connosco. Nunca devemos mudar pela opinião de alguém. Por isso, se achas que está na altura de mudares um pouco para te sentires bem contigo própria, fá-lo. Porque não há nada mais importante que nosso bem-estar.

X: E eu tento, mas acho que não há nada de errado comigo. Quer dizer, claro que há, não sou perfeita, obviamente.. mas é o facto de ninguém sentir orgulho em mim como eu sou. Epá, é um dia. É uma fase estúpida.

Y: Não, não é um dia. São dias. E eu conheço muito bem esses dias. São dias que te consomem por dentro, dias desgastantes que te retiram as forças e te fazem querer desistir de tudo. Mas não podes ceder. Sei o que é não haver interesse em casa, sei o que é mediocrizarem-te na escola fazendo com que te sintas uma burra. Mas isso só me deu forças para mostrar o contrário. E eu consegui. Se consegui uma vez, então consigo as vezes que quiser. Eu espero que percebas o que te estou a tentar transmitir, porque eu tive que tomar uma decisão em tempo limitado que influenciou a minha vida positivamente. Mas bastava um deslize para as coisas terem corrido mal e eu ter caído onde estás a cair. Se ninguém te dá valor, volto a repetir.. Prova o que vales. Se achas que as tuas atitudes provocam sofrimento a um grande número de pessoas e sobretudo a ti, muda. Mesmo que isso te leve uma vida.

X: Nem sei o que te dizer a não ser obrigado. Tens razão naquilo que dizes e sabes perfeitamente o que eu sinto, até o sabes melhor que eu.

Se tu não tens luz própria, a luz alheia não te tornará brilhante. Eu acredito que vais conseguir. Espero que vejas este post sempre que tenhas essa sensação*


Daniela Teixeira*

segunda-feira, 4 de abril de 2011

4.4.10

Passeio por estradas lamacentas, caminhos árduos entre ventos e tempestades. Por vezes caio nos buracos mais profundos, percorro as grutas mais obscuras á espera da chamada luz ao fundo do túnel. Vou escalando montanhas, algumas vezes evarestes. Por vezes escorrego, por vezes caio, por vezes hesito e em alguns casos deixo mesmo de prosseguir. Mas nenhum ser humano é de ferro. E mesmo depois de todas as dificuldades, de todo o frio, de todas as quedas, de toda a escuridão e até mesmo do cansaço quer físico quer psicológico, sucede-se uma explosão. Explosão de sentimentos, angústias, arrependimentos, tristezas, lamentos e de uma série de energias negativas que me fazem pensar se de facto valeu a pena. Se valeu a pena ter morrido ao frio quando tinha quem me aquecesse. Se valeu a pena percorrer caminhos impossíveis e árduos quando podia ter optado pelos mais fáceis. Se valeu a pena percorrer a escuridão enquanto podia ter observado aquilo que o mundo tem para me mostrar. Se realmente valeu a pena ter escalado as montanhas mais altas para no fim, quando acabei por chegar ao topo não ver absolutamente nada a não serem cicatrizes na minha própria pele. Cicatrizes de uma vida, provocadas pelas batalhas que nem sempre foram vencidas, que nem sempre trouxeram o misto de sentimentos necessários ao meu bem-estar. Terá valido a pena o sacrifício de toda uma vida para no fim receber o mesmo que aqueles que ficaram a observar-me? Talvez tivesse sido mais fácil ter-me encostado a um penedo, ter ficado a observar os raios da tempestade, a profundidade das coisas, a luminosidade que me encandeia, a beleza das montanhas numa tarde de fim de verão, e não me ter submetido á escolha mais difícil. Às vezes não são os caminhos mais difíceis que nos abrem portas, mas sim a maneira como percorremos esses mesmos caminhos. Depois das estradas percorridas não cheguei propriamente ao meu destino. Depois das tempestades e ventos ultrapassados não encontrei um abrigo onde me pudesse resguardar. Depois das quedas não vi a dita recompensa, e muito menos encontrei a luz ao fundo do túnel. Mas depois de todas as feridas, arranhões, cicatrizes, lesões e tudo mais, ainda há algo que persiste em mim, e que jamais me irá abandonar. A esperança.

Daniela Teixeira *


quarta-feira, 16 de março de 2011

Carta (esboço).

Lembro-me agora que tenho de marcar um encontro contigo, num sítio em que ambos nos possamos falar, de facto, sem que nenhuma das ocorrências de vida venha interferir no que temos para nos dizer. Muitas vezes me lembrei de que esse sítio podia ser, um lugar sem nada de especial, como um canto de café, em frente de um espelho que poderia servir de pretexto para reflectir a alma, a impressão da tarde, o último estertor do dia antes de nos despedirmos, quando é preciso encontrar uma fórmula que disfarce o que, afinal, não conseguimos dizer. É que o amor nem sempre é uma palavra de uso, aquela que permite a passagem à comunicação mais exacta de dois seres, a não ser que nos fale, de súbito, o sentido da despedida, e que cada um de nós leve, consigo, o outro, deixando atrás de si o próprio ser, como se uma troca de almas fosse possível neste mundo. Então, é natural que voltes atrás e me peças: «Vem comigo!», e devo dizer-te que muitas vezes pensei em fazer isso mesmo, mas era tarde, isto é, a porta tinha-se fechado até outro dia, que é aquele que acaba por nunca chegar, e então as palavras caem no vazio, como nunca tivessem sido pensadas. No entanto, ao escrever-te para marcar um encontro contigo, sei que é irremediável o que temos para dizer um ao outro: a confissão mais exacta, que é também a mais absurda, de um sentimento; e, por trás disso, a certeza de que o mundo há-de ser outro no dia seguinte, como se o amor, de facto, pudesse mudar as cores do céu, do mar, da terra, e do próprio dia em que nos vamos encontrar, que há-de ser um dia azul, de verão, em que o vento poderá soprar do norte, como se fosse daí que viessem, nesta altura, as coisas mais precisas, que são as nossas: o verde das folhas e o amarelo das pétalas, o vermelho do sol e o branco dos muros.

Nuno Júdice.


A ausência será recompensada. Eu hei-de voltar. Prometo!

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Cântico Negro.

E hoje viro-me para a Poesia deixando aqui um poema que considerei lindo, após uma apresentação oral de Português relativa ao projecto "Dez Minutos Com..." e neste caso, com Priscila Pires. Aposto que muitas pessoas se conseguem identificar com a mensagem que este poema nos transmite.
Vai apenas por onde te levam os teus próprios passos !



"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha Mãe.

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde,
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;

Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!
José Régio.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

14.01.2011



«Ano novo, vida nova!». A famosa frase positiva, embora muitas das vezes ilusória, que arranjamos para quebrar barreiras, superar obstáculos, apagar passados, seguir novos caminhos, etc. O ano passa. E o que muda? Nada. Eu desisto ! Não vou mandar embora aquilo que não quer ir. De certa forma afirmo que desisto um pouco de mim. Há batalhas que não consigo vencer, e posso dizer que há uns anos era impensável uma frase deste género sair da minha boca. Mas chega a uma determinada altura em que nem queremos lutar nem queremos esquecer, simplesmente deixamos andar. E é assim que me encontro neste momento. Congelada. Vejo tudo passar, mas eu sinto-me parada no tempo vendo os outros viver e não conseguindo viver. Não basta querer nem tentar, não basta agir (nestes casos), porque eu não posso meramente apagar aquilo que existe dentro de mim e acho que vou desistir de fazê-lo. Vou deixar que se vá embora, quando estiver realmente pronto..